sábado, 20 de março de 2010

Acessibilidade ganha destaque no mercado de aventura

Sunday, December 2, 2007 14:38

Visite original : http://adrenailha.com.br/acessibilidade-ganha-destaque-no-mercado-de-aventura/

A informação é muito útil para os que pensavam que atividades de aventura estavam restritas aos jovens em busca de adrenalina e com boa preparação física. Portadores de deficiência também são adeptos das atividades de aventura como rapel, tirolesa, escalada, rafting, entre outras. O mercado de produtos e serviços específicos para esse público movimenta anualmente R$ 1 bilhão, sendo R$ 100 milhões só com vendas de cadeiras de rodas e mais de R$ 400 milhões no comércio de automóveis com isenção de impostos e adaptações veiculares.
Dadá Moreira tem 42 anos e há mais de 10 começou a sofrer os primeiros sintomas da Ataxia, problema neurológico que afeta o equilíbrio, coordenação motora fina e visão. O que poderia ser uma barreira social acabou potencializando uma paixão antiga: os esportes de aventura. Escalada, rafting, paraquedismo, off-road, cascading, entre outras atividades estão na programação de fim de semana deste paulistano, formado em direito e jornalismo e fotógrafo profissional. Naquela época, encontrar operadoras turísticas que ofereciam atividades para portadores de deficiência era praticamente impossível, mas os esportes adaptados mostravam seu potencial. Com o tempo, Dadá Moreira foi descobrindo diferentes atividades. “Pratico de tudo, de escalada, rapel, tirolesa até cavalgadas. O único que não me agrada muito é o bungee jump”, comenta.

Testes de campo mobilizam comunidade

Dadá Moreira conta que por meio do projeto já foram feitos vários testes de campo reunindo pessoas com deficiências físicas, sensoriais, mentais e múltiplos. Entre eles, um amputado, um paraplégico, um tetraplégico, um deficiente visual, um surdo-cego, um com paralisia cerebral e um com síndrome de down. Todos praticaram modalidadesatividades de esportes de aventura, como rapel, rafting, tirolesa, bóia-cross, acqua-ride e off-road, com o intuito de apurar as necessidades de adaptações e condutas a serem seguidas pelos profissionais do turismo.
Acompanhados por uma equipe multidisciplinar de treze profissionais, entre integrantes da ONG Aventura Especial, fisioterapeutas, médicos e voluntários, foram levantadas as adaptações necessárias para viabilizar a prática das atividades por este público.
Além das adaptações físicas, como o desenvolvimento de uma cadeirinha para técnicas verticais, um colete e uma cadeira para o bote de rafting (específicos para pessoas sem mobilidade no tronco) também foram criadas condutas e procedimentos de comunicação alternativa, para interagir com as pessoas com deficiência sensoriais antes e durante as atividades.
Os testes foram realizados na cidade de Socorro, a 130 km da capital, que será o primeiro destino totalmente adaptado do país, servindo de modelo para que outros municípios venham as ser adaptados. Além das atividades e pontos turísticos, a estância também está adaptando sua infra-estrutura de produtos e serviços.
Para Moreira, a prática de esportes tradicionais adaptados traz benefícios já atestados. “O basquete o ciclismo, a natação e tantos outros esportes já se prestam a esse papel, mas os esportes de aventura para deficientes é uma iniciativa pioneira, sem precedentes. A expectativa é que com os resultados das pesquisas de campo, o ecoturismo e os esportes de aventura passem a ser outra opção de reabilitação”, avalia.
Associadas ABETA investem na acessibilidade

Várias empresas associadas à ABETA têm apostado no promissor mercado da acessibilidade. Em Socorro, existe um lugar que já virou referência para turistas especiais. Desde novembro de 2006, o Campo dos Sonhos transformou-se em um dos primeiros hotéis-fazenda do Brasil adaptado aos portadores de deficiência. Os administradores do projeto apostaram no Turismo Especial, com uma estrutura pronta para receber deficientes físicos e mentais, para atividades como caminhadas, tirolesa, circuito de arvorismo e a parede de escalada. Tudo apoiado pela ONG Aventura Especial.
Com um trabalho diferenciado voltado para portadores de deficiência, a EcoAção é outro exemplo de destaque. A operadora localizada em Brotas, no interior paulista, acaba de receber um convidado especial, que aprovou o trabalho com foco na acessibilidade.
Alexsander Whitaker está acostumado a superar limites. Aos 37 anos – cadeirante há 14 -, é pentacampeão brasileiro e bicampeão mundial de levantamento de peso. Também levou medalha de ouro no ParaPan. No último dia 15, Alexsander aceitou mais um desafio: praticar rafting no rio Jacaré-Pepira, em Brotas, a convite da equipe da EcoAção.
Ele nunca tinha visitado a cidade, nem praticado modalidades de aventura, mas gostou muito da experiência. A história de superação de Alexsander é surpreendente. O atleta era faixa preta em judô, mas durante um assalto em São Paulo levou dois tiros e ficou paraplégico. “Senti a primeira bala perfurar meu pulmão. Quando levei o segundo tiro, imediatamente deixei de sentir minhas pernas. A violência foi uma experiência traumática, mas o esporte me ajudou a tocar a vida para frente”, conta o atleta, que iniciou sua reabilitação na natação e, depois, passou a se dedicar ao halterofilismo e vem colecionando vitórias. O atleta está classificado para as Olimpíadas de Pequim, onde pretende conquistar a única medalha que ainda falta em sua carreira. “A medalha olímpica é um sonho e estamos muito perto de conquistá-la”, diz.
Outras empresas de turismo de aventura e ecoturismo que merecem atenção pelo trabalho voltado para os portadores de deficiência são a Freeway Brasil e a Pisa Trekking.

Turismo de Aventura Acessível
Hotel Fazenda Campo dos Sonhos


www.campodossonhos.com.br

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