domingo, 21 de março de 2010

UMA AVENTURA MAIS DO QUE ESPECIAL

ONG incentiva a prática segura do esporte de aventura para pessoas com deficiência
Por Carol Coelho
Ver Original http://www.cpb.org.br/comunicacao/revista/revista-brasil-paraolimpico-23/uma-aventura-mais-do-que-especial
As vantagens do esporte ligado à emoção e ao contato direto com a natureza são muito bem-vindas no auxílio à reabilitação de pessoas com deficiências. Essa é a opinião de Dadá Moreira, 41 anos, fundador da ONG Aventura Especial, que promove o esporte de aventura adaptado pelo mundo. Segundo ele, o contato com a natureza potencializa o efeito de alguns tratamentos, além de deixá-los muito mais gratificantes e prazerosos.
Dadá tem uma doença chamada ataxia espinocerebelar, há dez anos. As ataxias constituem um grupo de doenças genéticas neurodegenerativas e se caracterizam pela perda progressiva das células nervosas do cerebelo. A perda de neurônios afeta o equilíbrio, a coordenação motora, a fala, a voz e a escrita. Formado em Direito e Jornalismo, depois de quatro anos convivendo com a doença, ele passou a procurar informações sobre os esportes adaptados e logo encontrou um companheiro que o convidou para uma escalada. “Aquele foi um novo horizonte que se abriu na minha vida. Até então eu não sabia que era capaz de praticar esportes como estes”.
Para a sorte dos aventureiros de plantão, Dadá começou a incansável busca pela informação sobre os esportes de aventura adaptados, mas descobriu-se pioneiro no assunto e resolveu aproveitar a sua formação de jornalista para divulgar tudo o que aprendeu criando a ONG Aventura Especial. “Eu assistia toda hora na televisão várias pessoas praticando esses esportes sem imaginar que um dia eu estaria escalando uma pedra em meio à natureza sem qualquer dificuldade”.
Desde então, o leque de opções do esporte adaptado no Brasil ultrapassou as barreiras das práticas esportivas mais conhecidas, como a natação, o atletismo e o basquete. Dessa forma, o movimento adaptado incorporou outras modalidades, como a escalada, o rafting (descida de bote por corredeiras), o trekking (caminhada em trilhas), o salto de pára-quedas e a tirolesa, que é a travessia entre dois pontos de grandes desníveis por corda.
Os caçadores de adrenalina encontraram um novo grupo de companheiros com a criação da ONG Aventura Especial. Por meio dela, obtêm informações para a prática segura de esportes de aventura. Cartilhas e palestras feitas por todo o país mostram como cada um desses esportes podem ser adaptados a cada tipo de deficiência.
O próprio Dadá é um exemplo dos benefícios que os esportes de aventura podem trazer para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência. “Segundo a medicina tradicional, como a minha doença é degenerativa, eu não teria mais chances de melhorar e, no entanto, essas práticas me fazem melhorar a cada dia, em todos os sentidos, como físicos e psicológicos”, conta o atleta.
O site www.aventuraespecial.com.br foi criado pela ONG com o formato de um guia para divulgar os locais mais adequados à prática das atividades adaptadas. Outra ação da entidade é a sensibilização dos agentes de ecoturismo a fim de que eles saibam como oferecer as condições apropriadas para que todos possam ser usuários de seus serviços. Dessa forma, a ONG criou cursos específicos para atendimento, hospedagem e outros serviços turísticos que atendam os aventureiros especiais. Além disso, está em fase de produção um programa de TV semanal de 30min, voltado somente para a divulgação dos esportes de aventura e o ecoturismo adaptados.

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