segunda-feira, 22 de março de 2010

Turismo de Aventura para deficientes físicos


Um tetraplégico praticante de rafting, um deficiente visual no topo e uma montanha após uma longa escalada, um portador de síndrome de Down que adora sentir a adrenalina na tirolesa e os desafios do arvorismo. O turismo de aventura para deficientes fsicos, além de possível, é uma prática em crescimento, que, inclusive, está prestes a ser normalizada. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 25 milhões de deficientes fsicos no Brasil. É para essas pessoas que enfrentam dificuldades de locomoção que a organização não-governamental (ONG) Aventura Especial tenta mostrar que é possível vencer outros desafios. Fundada em 2002, a entidade conseguiu assinar um convênio com Ministério do Turismo e atualmente realiza a segunda fase de projeto, que visa apresentar soluções para o mercado do turismo se adaptar às necessidades dos portadores de deficiências físicas. Todos têm condições, só que não existe acesso. Se a mata está fechada e ninguém passa, precisamos abri-la. Se abro um pouco, mas as pessoas com cadeira de roda não conseguem passar, é só abrir mais”, explica Mauro Brucoli, representante da ONG Aventura Especial. Na longa caminhada para alcançar o objetivo, um dos principais obstáculos é a falta de equipamento específico para garantir a segurança dos praticantes. Não existem esses equipamentos no mercado, nem para ser importado. Começamos a trabalhar com protótipos. É possível fazer de forma improvisada, mas queremos capacitar profissionais e buscar equipamentos adequados”, conta Brucoli. A previsão é que até final de 2006 as soluções já tenham sido definidas e prontas para a aplicação em 2007. Exemplo - Vítima de ataxia espinocerebelar, uma doença neuro-degenerativa que afeta visão, fala, coordenação motora e equilíbrio, jornalista e fotógrafo Dadá Moreira inicialmente se trancou emcasa. Perdeu o emprego, descobriu que a doença não tinha cura e passou anos desmotivado. Foi a publicação de um guia de turismo que mudou o rumo da vida de Moreira. “O Dadá sempre brinca durante as palestras que quando viu o lançamento da revista pela televisão foi correndo às bancas”, relembra Brucoli. Amante de viagens e turismo de aventura, o fotógrafo e fundador da ONG Aventura Especial passou a procurar todas as empresas divulgadas na publicação para saber se estavam preparadas para receber deficientes físicos. Entre centenas de ligações, uma aceitou. Moreira se preparava para sua primeira experiência depois de descobrir a doença: enfrentar as corredeiras durante a prática de rafting. Com receio de não acompanhar o ritmo do grupo, Moreira começou a treinar em uma bicicleta ergométrica. No primeiro dia, não conseguiu passar de 20 segundos. Às vésperas da viagem, já pedalava por uma hora e meia. Ele percebeu, então, que a estréia não foi tão complicada, animou-se e decidiu que a próxima tentativa seria nos ares. Passou pelo segundo teste no salto de pára-quedas e desde então não parou mais. Depois de divulgar suas experiências pela internet e receber diversos e-mails de apoio e de pessoas nas mesmas condições que gostariam de se aventurar pelo País, Moreira descobriu que poderia fazer mais. Iniciou as atividades da organização e passou a buscar meios de oferecer condições seguras para os praticantes. “O Dadá mostrou como o mundo é egoísta e individualista. Ele é um anjo que tem uma missão na terra”, finaliza Brucoli. A Aventura Especial é um dos expositores do 2º Salão do Turismo – Roteiros do Brasil. O estande está instalado no espaço Aventura Segura.



Fonte: Ministério do Turismo

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